
A primeira imagem que normalmente nos vem à mente diante da expressão“minha vida no altar de Deus” é bela e suave… Imaginamo-nos envoltos na gloriosa majestade de Deus, sentindo-nos abraçados por sua maravilhosa presença. Isso porque em nossos dias, o termo é logo associado ao glamour de uma bela cerimônia de casamento, onde a noiva é recebida pelo noivo no “altar”. Entretanto, a realidade é bem menos afável do que parece. E para aperfeiçoar um pouco nossa compreensão acerca do “Altar de Deus”, nada melhor do que uma leitura minunciosa de Isaías 53.
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O capítulo 53 de Isaías mostra-nos claramente a figura de Jesus Cristo sobre um altar. Como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, o Filho de Deus foi desprezado (53:3), rejeitado (53:3), transpassado (53:5), esmagado (53:5), oprimido (53:7), afligido (53:7), condenado (53:8), golpeado (53:8), e derramou sua vida até a morte (53:12), como oferta por uma culpa que não era dele, mas nossa (53:5, 6, 10).
Seu sacrifício na cruz, levando sobre ELE a iniquidade de todos nós (53:6), gerou cura (53:5), paz (53:5), justificação (53:11), salvação (53:11). E embora seu corpo fora eliminado da terra sem deixar descendentes (53:8), sua morte no altar lhe concedeu vida, herdeiros espirituais, e o pleno cumprimento da vontade de Deus (53:10).
Como filhos amados de Deus, cada um de nós é gentilmente convidado pelo Pai a tomarmos a cada dia a nossa cruz (Mt 16:24), e isso nada mais é do que assumirmos nosso próprio lugar no Altar, como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12:1).
Não se trata de auto-flagelação ou algum tipo doentio de masoquismo, mas o de buscar primeiro o Reino de Deus (Mt 6:33). Colocar a nossa vida no altar significa dizer “não” à nossa própria vontade em favor de cumprir a vontade de Deus.
Durante sua vida, Jesus sentiu fome, sede, sono, cansaço, dor, angústia, tristeza, ira… mas ao invés de agir em conformidade com seus sentimentos, vontades ou emoções, fez suas escolhas objetivando sempre a vontade de Deus.
Da mesma forma, nosso desafio diário é renunciar a nós mesmos. Mais do que se emocionar durante uma música de consagração durante o culto, o que Deus espera de mim, de você e de cada um de seus filhos, é que façamos como Cristo: sacrifiquemos nossos desejos e vontades e, por amor a ELE e aos que estão como ovelhas perdidas, nos submetamos completamente em obediência à sua boa, agradável e perfeita vontade (Rm 12:2). Isso vai desde a disposição de acordar um pouco mais cedo para ter um tempo a mais de oração até a de ser torturado e morto em nome da fé.
A vitória do nosso Salvador lhe foi outorgada após o sofrimento da sua alma (Is 53:11). E é o sofrimento da nossa alma no altar de Deus que nos capacitará a, como Cristo, gerarmos filhos espirituais.
Que possamos aprender a nos desprender da busca por experiências sobrenaturais, conforto físico, status social ou conquistas materiais. Nada disso é ruim em si mesmo, mas não podem ser os determinantes da minha conduta. Afinal… “já estou crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20).
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Márcia Rezende
Bacharel em Teologia e Educação Religiosa
3ª Ig. Batista de Marília/SP
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