terça-feira, 13 de novembro de 2012

A situação dos negros no mercado de trabalho do Grande Recife

Os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana do Recife permitem desagregações para análises específicas de determinados segmentos sociais ou econômicos, como a inserção de negros e não negros. Assim, visando contribuir para o debate dessa questão, a Fundação Seade e o DIEESE apresentam, a seguir, algumas informações sobre o tema, para a Região Metropolitana do Recife, em 2011.

Os estudos divulgados nos anos anteriores com base em dados gerados pela PED e os realizados por outras instituições de pesquisas e análises têm mostrado que, apesar da redução das desigualdades ao longo das últimas décadas, ainda persistem diferenças significativas nas condições de trabalho vivenciadas por negros e não negros.

Em 2011, os negros eram pouco mais de dois terços da População em Idade Ativa (PIA) e da População Economicamente Ativa (PEA), maioria, portanto, em relação aos não negros, que representavam pouco menos de um terço destes contingentes. No entanto, os negros ainda enfrentam obstáculos históricos, tanto no que diz respeito ao acesso às oportunidades do mercado de trabalho, quanto em relação à precariedade das condições de trabalho e emprego que encontram uma vez ocupados.
As formas de inserção ocupacional e os setores de atividade nos quais os negros se incorporam ao mercado de trabalho revelam a dimensão da discriminação por raça/cor presentes na sociedade brasileira. Os negros estão mais presentes em ocupações mais precárias, caracterizadas pela ausência de proteção social e jornadas de trabalho mais extensas e, por consequência, menores remunerações.

Mesmo com a expansão dos rendimentos médios dos ocupados no mercado de trabalho regional ocorrida entre 2010 e 2011, no último ano, o rendimento médio dos ocupados negros (R$ 908) representava aproximadamente dois terços (66%) do valor recebido pelos não negros (R$ 1.375). E o rendimento médio por hora dos ocupados negros (R$ 4,71) equivalia a 64,5% do medido pelos ocupados não negros (R$ 7,30).

As informações analisadas para o período 2010-2011 demonstram algumas mudanças ocorridas no mercado de trabalho, principal fonte de renda e de mobilidade social ascendente, mas os avanços registrados ainda são insuficientes para garantir uma maior equidade de oportunidade e de padrão de vida para a população negra.

Em 2011, a População Economicamente Ativa (PEA) negra representava 69,4% da PEA total da Região Metropolitana do Recife (RMR), enquanto os não negros tinham apenas 30,6%. Apesar da intensidade da presença dos negros no mercado de trabalho regional, esse segmento populacional ainda convive com patamares de desemprego mais elevado que o dos não negros. 

No último ano, a proporção de negros no contingente de desempregados da região correspondeu a 74,5%, percentual superior ao observado entre a população negra ocupada (68,6%), ou seja, houve maior representação da população negra entre os desempregados, revelando a maior dificuldade de inserção ocupacional dos negros.

Na análise por cor/raça e sexo, destaca-se a sobreposição da discriminação sobre as mulheres negras que apresentam as mais elevadas taxas de desemprego em comparação aos demais grupos. O desemprego atingia mais as mulheres negras do que os homens negros e não negros, de tal modo que, em 2011, observou-se uma diferença de 9,1 pontos percentuais entre as taxas de desemprego para as mulheres negras (18,1%) e para os homens não negros (9,0%). 

Ou seja, a taxa de desemprego das mulheres negras equivalia a duas vezes a taxa dos homens não negros. Quando comparadas às mulheres não negras, que também convivem com taxa de desemprego mais elevada que a dos homens, observou-se que as mulheres negras são mais atingidas pelo desemprego.

Imprensa Condepe/FIDEM

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